terça-feira, 19 de abril de 2016

A GERINGONÇA - (EPOPEIA HUMORÍSTICA)















A GERINGONÇA

Autor: Manuel Mar.



           Capítulo I
A Maioria da Esquerda

                      I.I
O bom povo! Por Deus abençoado,
Nas últimas democráticas eleições,
Onde o jugo à direita foi derrotado,
Porque deu ao povo más condições,
E com a austeridade ter governado,
Sem explicar cabalmente as razões.
O povo gemia vendo-se explorado,
Com cortes de ordenado e privações.
O bom povo descontente não votou,
E o Governo da direita não ganhou.

                        I.II
A esquerda elegeu mais deputados,
E conseguiu no Parlamento maioria.
A direita depois dos votos contados,
Invocou normas e manteve a teoria,
Que estava à frente dos resultados,
E que o primeiro lugar lhe pertencia,
Acabaram por ser eles os indigitados,
Que o Parlamento depois chumbaria,
Ficando vitoriosa a esquerda formou
Governo que o Parlamento aprovou.

                      I.III
Esse tempo foi deveras mais agitado,
Por causa da mudanças das cadeiras,
E Passos Coelho ficou muito desolado,
Porque o Costa lhe deu suas rasteiras,
Ele foi até acusado de se ter amuado,
Sem as suas razões serem verdadeiras.
Tanta coisa a esquerda tem mudado,
Que Passos até já diz serem asneiras,
Que, contrariado logo tanto se calou,
Mas, o Dr. António Costa não gostou.

                       I.IV
Assim, com Gerigonça já a governar,
E ainda sem estar muito preparada,
Começou a mudar Leis e a reformar,
Mudança era já há muito desejada,
Algumas Leis anteriores revogaram,
Sendo por toda a Esquerda apoiada,
E o ordenado mínimo aumentaram,
Os Sindicatos ganharam sua jogada.
Toda a Função Pública se melhorou,
Só quem pouco recebia melhor ficou.


                      I.V
Depois houve um período calmo,
Com novas eleições à Presidência,
Sendo disputadas palmo a palmo,
Com demonstrações de prudência,
Os candidatos com um único alvo,
Exibiram toda a sua maior ciência,
Só um deles poderia chegar salvo,
Ajudado pela Divina Providência.
Foi triunfador o Professor Marcelo,
O Presidente nobre, muito singelo.

                        I.VI
António Costa gostou do resultado,
E mostrou bastante encantamento,
Por ter o Professor Marcelo ao lado,
No dia da cerimónia de juramento,
E por muito bem ele ter discursado,
Mostrando a sua coragem e alento,
Ele que foi seu professor no passado,
Fez-se o Presidente nesse momento.
Já ficando Cavaco Silva substituído,
Que foi Presidente pouco aplaudido.


                      I.VII
Após a calmaria da turbulência,
O Ministro Dr. João Soares ficou
Agitado com a falta de decência,
De quem suas crónicas publicou,
No jornal Público sem clemência,
A quem ele no Facebook replicou,
Com sua ministerial imprudência,
E as salutares bofetadas ofertou,
Que o Primeiro-Ministro interveio,
E João Soares resignou do ato feio.

                       
                        I.VIII
Como essa cavadela deu minhoca,
Se começou o Governo a desfazer.
E depois de ter tomado a banhoca,
Fez as três nomeações sem querer:
Luís Castro Mendes: novo Ministro
Da Cultura; com Miguel Honrado,
Para seu Secretário; e depois disto,
João Paulo Rebelo, lá foi nomeado
Secretário de Estado da Juventude.
A tomada de posse com juramento,
Deu ao Governo o reforçado alento.

                      I.IX
Após cem dias de António Costa,
Tomar as rédeas do seu Governo,
Vê-se que do que ele mais gosta,
É de fazer nomeações sem termo,
Nomeou 994 boys e já se aposta,
Que ele nomeou muito estafermo.
Passos Coelho disso já se desgosta,
Mostrando ser muito pouco terno,
Diz: Este Governo é só um inferno.

                        I.X
A Esquerda vive feliz e radiante,
Por ser a apoiante deste Governo.
Mas o Governo parece hesitante,
Por ter que governar só a termo,
Só já não se afundou por um triz,
Porque a direita já foi sua ajuda,
E só espera que ele parta o nariz,
Pelo que faz seu papel de muda.
Assim o País parece não ter dono,
A Esquerda já quer ser o patrono.

                       I.XI
O Governo após uns dias de calma,
Começou por resolver os problemas,
De críticas ao caso BPI não se salva,
Mas surgiram os mais graves temas
Que causam o pânico e dor de alma.
Do Alvito e Girabolhos novas cenas
A construção suspensa por três anos,
Para evitar à tesouraria problemas.
Agora, o povo começa a perguntar
Até onde a Geringonça quer chegar.

                        I.XII
Portugal mudou com as Legislativas,
E o mapa mostra nova configuração,
Do que resultaram mais alternativas
De governo, do que havia até então,
A Direita ganhou e sem expectativas,
O PS só conseguiu a segunda posição,
Mas usou suas tácticas mais criativas,
Seduziu a Esquerda, fez a nova união,
A Direita tentou um Governo formar,
Mas na oposição teria um novo lugar.


                      l.XIII
No Governo, a Geringonça parecia
Por em risco a normal estabilidade,
Que a semana seguinte se provaria,
Que não havia perigo na realidade.
E afinal a Esquerda de fora estaria
Já dentro da sua casa, de verdade.
Mas, António Costa que o ministro
Da Cultura já perdeu na realidade,
Com um aspecto trágico de sinistro,
E bateu com a porta dizendo o não,
O secretário de Estado da Educação.

                        I.XIV
Logo depois o seu ministro da Defesa,
Sob muito fogo cruzado dos generais,
Indignados da ingerência de surpresa,
Em casos do Exército e muito especiais,
De discriminação de sexo por natureza.
Foi uma semana de casos tão anormais,
Que o Dr. António Costa e com tristeza,
Manteve o silêncio que pareceu demais,
Sobre a sucessão de tais casos ocorridos
No Governo com quatro meses vividos.


                      I.XV
Durante anos algumas empresas, 
Blindaram seus estatutos sociais,
Para se protegerem de incertezas,
Das OPAS de ofertas muito irreais,
Criadoras de riscos, más incertezas,
E livrar accionistas de sortes fatais.
Numa altura de dinheiro bem fácil,
A especulação financeira e política:
Fez a PT, BCP e o BPI se blindarem,
Para muito depois se arrependerem.

                         I.XVI
Este sistema insustentável fracassou,
Não deixa de ser até bem revelante,
Ver políticos: quem essa Lei aprovou
Por verem a blindagem interessante.
Há um mês, Marcelo e Costa queriam
Manter um equilíbrio no investimento 
Angolano e espanhol, porque diziam,
Apelando um razoável entendimento.
Mas sem entendimento à última hora,
Isabel dos Santos sai pela borda fora.



                      I.XVII
De Bruxelas vem exigências e críticas,
Na semana em que o governo aprova,
O urgente programa de estabilidade.
Bruxelas recebeu as respostas típicas
Dos partidos que apoiam a sua nova
Maioria do Governo na actualidade,
Catarina Martins fala em fanatismo;
Jerónimo critica os constrangimentos; 
António Costa garante seus ideários;
Não quer um país de baixos salários.

                     I.XVIII
Assim o Governo promete espantar
Todo a oposição vai ficar admirada,
Do programa que estão a preparar,
Com estabilidade jamais alcançada,
Ninguém mais irá sua gamela rapar,
A subida de salários será respeitada,
Para colocar todo o país a trabalhar,
A situação de todos será melhorada.
Assim se renovará o País novamente,
Sem cortes como houve antigamente.


                 I.IXX
O ministro dos Negócios Estrangeiros,
Augusto Santos Silva, agora anunciou,
Que, Portugal, quer ser dos primeiros,
A visitar Angola e que até já marcou
As datas da viagem dos mensageiros,
O Presidente da República que citou,
Acompanhado do Primeiro-Ministro,
Para encontro de alto nível previsto.
Será em breve a data da deslocação,
Confiamos que seja a bem da Nação.

                   I.XX
O Bloco de Esquerda como consegue
Agora uma grande condescendência
Do povo porque não há quem negue,
Que Catarina Martins em consciência,
A dizer as suas grandes barbaridades,
Pode até apresentar os seus projectos,
Contendo as presunções e inverdades.
Marisa Matias eleva a voz aos tectos.
Na verdade, é o Bloco quem manda,
Porque o Governo apenas comanda.

            Capítulo II
 Governo & Oposição

                   II.I
O cartão do cidadão foi a discussão,
O Bloco de Esquerda fez a proposta,
Para alteração do género do cartão,
Porque o nome actual lhes desgosta.
Na sua actual proposta de resolução,
Os bloquistas fazem essa sua aposta
Do cartão sem ter género masculino,
Beneficiar de formulação simbólica,
Com todo o respeito pela igualdade,
De homens e mulheres sem maldade.

                    II.II
O PCP disse estar contra a mudança
Do nome para Cartão de Cidadania,
Porque tal matéria em nada avança,
Nem é de ser considerada prioritária.
O deputado Jorge Machado afirmou,
Argumentando que mesmo em nada,
Era a questão de género e completou
Mas de gramática a ser considerada.
Logo o Partido Comunista disse o não,
Mas falou em reduzir custos do cartão.


                 II.III
O PSD exibe agora tom diferente,
Porque a direcção foi já acusada,
De não defender bem a sua gente,
E, no Orçamento, não dizer nada.
Em Espinho e no último congresso,
Passos Coelho com lição estudada,
Prometeu ir virar tudo do avesso,
E fazer sua oposição bem ousada,
Com 60 medidas de capitalização,
De empresas da área da educação.

                    II.IV
Luís Montenegro, no Parlamento,
Diz: “Não vir mandar no Governo,
Mas daremos e a todo o momento,
O nosso contributo firme e sereno,
Usando só o melhor discernimento,
E dar ao Governo mais orientação”.
Dos sociais-democratas, as normas
De seis projectos para a resolução,
Para Plano Nacional de Reformas,
E promover a nova reestruturação.


             II.V
Congelou o Ministro das Finanças,
Bem depressa aumentos salariais,
De titulares políticos e mudanças,
A gestores públicos e presidenciais,
E do governo em todos os sectores.
A redução de 5% dos vencimentos,
Durante o ano de 2016 nos valores
É para se manter nos rendimentos.
O Ministro ao fazer tais mudanças,
Quer ajustar as contas de finanças.

            II.VI
A circular feita nas Direcções Gerais
Do Orçamento, e na Administração
Do Emprego Público já se diz mais:
" Nos cargos políticos há a redução
Do seu vencimento mensal ilíquido
E Gestores públicos e equiparados,
Como das Casas Civis e Militar do                         Presidente da República, e ajudas
De custo e subsídio de transporte"
Que durante o ano 2016 a manter.


           II.VII
Mário Centeno, ministro das Finanças,
Aproveitou a audição feita à comissão
Parlamentar de Economia e Finanças,
Para lançar bomba que fez explosão:
Que falar no desvio dos 3 mil milhões,
De euros; o buraco enorme em contas,
Da Caixa Geral de Depósitos que não
Era do seu Governo mas só do anterior
Por ter errado todas as suas previsões
O que fez um buraco de 3 mil milhões.

            II.VIII
António Leitão Amaro, vice-presidente
Da bancada parlamentar do PSD, saiu
Em defesa do seu partido e precedente
Governo de Passos Coelho, e se referiu,
Acusando Centeno de ser tão indecente,
Cometer mais um ato que jamais se viu,
Muito gravoso contra a CGD, que tente,
Aumentar a incerteza e a insegurança,
Que o Ministro devia ser mais prudente,
Porque tal acto só parecia de vingança.
               
Torres Novas, 22/06/2016










Sem comentários: